"O jugo que se escolhe, ainda é liberdade" (Lamartine). --- De fato, a liberdade é precisamente isso. Longe de se confundir com uma impossível exigência de autonomia absoluta, a liberdade, no ser criado, só se pode conceber como faculdade de escolher o próprio jugo e, em última instância, de escolher entre o senhor que nos engrandece, e o senhor que nos destrói. De fato, a mesma natureza da liberdade implica a ameaça da escravatura. A possibilidade de se abrir a tudo, pela aceitação, tem como contrapartida a possibilidade de, por mera recusa, se fechar a tudo. Entre as realidades criadas, só a liberdade possui este exorbitante poder de se destruir a si mesma. É como uma sala com duas saídas. Uma abre para Deus; a outra, para o nada, --- e é necessário sair! Em última análise, o homem não tem a escolha senão entre o amor e o suicídio. Ou a doação de si mesmo, ou a morte. Por isso, considerada nas suas possibilidades negativas, a liberdade é, por excelência, a faculdade do suicídio...
Desde há um século para cá, o mundo evolui a passos de gigante. Tudo se precipita: o vento do "progresso" fustiga-nos a cara. Mau sintoma: a aceleração contínua é mais própria das quedas do que das ascensões.
Na Idade Média, não se conheciam todos os segredos da fechadura humana e cósmica, mas possuía-se a chave, que é Deus. A partir de Descartes, tem-se explorado afincadamente a fechadura, que uns e outros vão tentando descrever de modo mais ou menos minucioso. Mas o pior é que... perderam a chave! O mundo e o homem tornaram-se, para o pensamento moderno, fechaduras sem chave. De resto, hoje, o pensamento, no seu conjunto, nem já se preocupa com a natureza ou com a existência da chave. A única preocupação, diante de uma porta fechada, consiste no modo, não de a abrir, mas de a examinar!
Fonte: "A escada de Jacob" - Editorial Aster - Colleção Éfeso
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Vazio interior
Vazio interior
A despeito de todas as aparências em contrário, o homem gasta-se na medida em que o ritmo acelerado da corrida se substitui nele ao ritmo lento do crescimento. Ora, o que por toda a parte se verifica é que, no nosso tempo, o progresso consiste mais em correr, na linha horizontal, do que em crescer, para o alto.
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Progresso?
Progresso?
Desde há um século para cá, o mundo evolui a passos de gigante. Tudo se precipita: o vento do "progresso" fustiga-nos a cara. Mau sintoma: a aceleração contínua é mais própria das quedas do que das ascensões.
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Sabedoria medieval e pensamento moderno
Na Idade Média, não se conheciam todos os segredos da fechadura humana e cósmica, mas possuía-se a chave, que é Deus. A partir de Descartes, tem-se explorado afincadamente a fechadura, que uns e outros vão tentando descrever de modo mais ou menos minucioso. Mas o pior é que... perderam a chave! O mundo e o homem tornaram-se, para o pensamento moderno, fechaduras sem chave. De resto, hoje, o pensamento, no seu conjunto, nem já se preocupa com a natureza ou com a existência da chave. A única preocupação, diante de uma porta fechada, consiste no modo, não de a abrir, mas de a examinar!
Fonte: "A escada de Jacob" - Editorial Aster - Colleção Éfeso