Só um amor comum pode ser a prova de um amor recíproco. Chamo a esta lei central do amor o princípio do terceiro incluído. Há um egoísmo a dois; um egoísmo a três é mais difícil de conceber. Este terceiro que serve de prova ao amor pode ser uma criatura, ou Deus, ou uma obra, ou uma missão comum (ou várias coisas ao mesmo tempo), mas a sua presença é sempre necessária. O solus ad solum não é uma coisa sã: ainda na forma mais elevada da dilecção (a união mística) é o amor do próximo que serve de prova ao amor de Deus. Fora desta doação comum a uma terceira realidade, o amor só poderá ser uma mistura de egoísmo e de ilusão---uma idolatria. A verdadeira união entre os amantes reside menos talvez em que se dêem um ao outro, do que em que se dêem ambos a um mesmo objeto. E é sem dúvida esse o sentido da velha definição: eadem velle, eadem nolle.
Como imaginar, além disso, o nascimento de um afecto real entre dois seres que, desde o primeiro momento, se não sentissem ligados por igual entusiasmo em relação às mesmas coisas? Sem esta comunhão, o amor reduz-se a um vulgar reflexo de açambarcamento e de conquista. A fragilidade dos afectos que não repousam sobre um comum dom de si e se pretendem bastar a si próprios (apenas nós...) é experiência corrente: o amor recíproco não tarda em morrer de inanição se nenhum amor comum o alimentar.
Fonte: "O que Deus uniu" - Editorial Aster - Colecção Éfeso
Como imaginar, além disso, o nascimento de um afecto real entre dois seres que, desde o primeiro momento, se não sentissem ligados por igual entusiasmo em relação às mesmas coisas? Sem esta comunhão, o amor reduz-se a um vulgar reflexo de açambarcamento e de conquista. A fragilidade dos afectos que não repousam sobre um comum dom de si e se pretendem bastar a si próprios (apenas nós...) é experiência corrente: o amor recíproco não tarda em morrer de inanição se nenhum amor comum o alimentar.
Fonte: "O que Deus uniu" - Editorial Aster - Colecção Éfeso