Não morrer é uma coisa; viver é outra. Entramos numa era em que o homem cultiva e multiplica todos os meios de não morrer (medicina, conforto, segurança, distracções) --- tudo o que permite estirar ou suportar a existência no tempo, mas não viver, porque a única fonte da verdadeira vida reside para lá do tempo e contém a morte na sua unidade. Vemos despontar a aurora duvidosa e bastarda duma civilização onde o cuidado esterilizante de escapar à morte conduzirá os homens ao esquecimento da vida.
Mors immaturata. --- Pensamos no futuro, para não pensar na eternidade. E a eternidade apodera-se de nós, apesar de todas as nossas resistências: caímos na morte como numa armadilha, por acaso e de surpresa. Deus colhe-nos como frutos verdes que é preciso arrancar aos ramos da árvore...
Fonte: "O olhar que se esquiva à luz" - Livraria Figueirinhas - Porto, 1957
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Mors immaturata. --- Pensamos no futuro, para não pensar na eternidade. E a eternidade apodera-se de nós, apesar de todas as nossas resistências: caímos na morte como numa armadilha, por acaso e de surpresa. Deus colhe-nos como frutos verdes que é preciso arrancar aos ramos da árvore...
Fonte: "O olhar que se esquiva à luz" - Livraria Figueirinhas - Porto, 1957