terça-feira, 30 de abril de 2013

Reflexão - do capítulo "O eu e a alma"

O ódio implica sempre um mínimo de participação no mal. "Diz-me quem odeias, dir-te-ei quem és". O santo chora sobre o mau, não o odeia. O que nós odiamos no próximo é o nosso próprio pecado. Mas por que mecanismo? (porque não é uma lei universal, e nós podemos não odiar, nos outros, defeitos que possuímos). Precisemos: o mal que, sob a cor de virtude e indignação, nós odiamos mais nos outros, é o mal que reside em nós, não no estado manifesto e espontâneo (um libertino, por exemplo, não odeia os outros libertinos, a não ser em caso de rivalidade pessoal), mas, no estado de tentação, de perigo, é o mal contraído, recalcado, ou por timidez, impotência (é que a nossa alma, ai! não é bastante atrevida...) ou por imperativos morais suficientemente fortes para impedirem o pecado de se exteriorizar, mas demasiadamente fracos para lhe destruir as raízes no nosso coração. Ninguém, por exemplo, aborrece mais a luxúria do que as "solteironas" roídas de desejos inconfessáveis. "Vê com que olhos a virtude me detesta", diz D. João de Rostand...

A argumentação vale talvez para o ódio do mal, objectar-se-á. Mas para o ódio do bem? Aqueles que odeiam o bem (e Satanás, em primeiro lugar) não são os seres mais perversos, aqueles que não albergam em si bem algum? Responderei que a mesma lei se aplica ao ódio do bem. Os perseguidores, os sádicos, aqueles que odeiam "gratuitamente" a virtude e a santidade são maus, certamente, mas maus que trazem (ou antes, trouxeram) no coração um germe de virtude ou de santidade que eles de lá arrancaram. O espetáculo da pureza é para eles insuportável, porque lhes reaviva a ferida causada por este abortamento, porque os comprime entre o possível de ontem e o impossível de hoje. Odeia-se mais do que tudo o que se teria podido possuir e por nossa culpa se perdeu, a altura para a qual estávamos feitos e que nos desespera de jamais poder atingir. O ódio irredutível do bem procede da agonia e do desespero do bem em nós (é por excelência o caso do demônio); o sádico é um místico frustrado. A alma a quem Deus recusou toda a semente de heroísmo ou de santidade, o ser incuravelmente vulgar e medíocre (a vulgaridade, a mediocridade são talvez mais opostas ao bem supremo do que o mal) não se irrita diante dos actos dos heróis ou dos santos; as suas reações perante as formas supremas do bem são paralelas às da alma perfeitamente pura em face do mal: espanta-se e não compreende, vê nisso uma loucura que merece o riso ou a piedade, e se, no caso de fracasso, ele se torna perseguidor, é sem paixão e por motivos de conformismo social. Havia, certamente, mais possibilidades divinas (renegadas e maculadas) naqueles que crucificaram Jesus Cristo do que naqueles que o desconheceram sem o odiar. Caifás e Judas, em certo sentido, estavam mais perto de Jesus do que Pôncio Pilatos...

Fonte: "O olhar que se esquiva à luz" - Livraria Figueirinhas - Porto, 1957

sábado, 13 de abril de 2013

Prece da felicidade terrestre

O meu coração envelheceu à maneira dum véu: a usura dos dias tornou-o mais transparente e mais suave. A árida tensão, o triste oscilar da balança entre a carne e o espírito, a dor que vem a pós as vitórias da alma e o remorso que segue os triunfos dos corpo --- tudo isso não é mais do que a lembrança dum mau sonho. O meu espírito fez-se carne e esta tornou-se espírito. Sinto com o meu pensamento e penso com os meus sentidos. Não sou mais esta carne rebelde que desperta apetites contra o espírito, nem um espírito cioso que se separa da carne. Reuni as duas metades do meu ser: enfim, sou um homem!

Na embriaguez dos sentidos, encontrei a inocência, e o deslumbramento da felicidade ensinou-me a humildade. Não recusei nenhuma alegria, não repeli nenhum sofrimento --- contanto que fossem reais. Não conheço senão três inimigos --- três mentiras: o orgulho em que o eu devora a alma, a avareza que tudo quer para si e a vaidade, que se alimenta de fumo. Todos os meus amores e alegrias reuni num feixe único e jamais consentirei separar uma só espiga. Falam-me de opção e eu respondo: unidade.

Não sou cego e sei o que me espera. Ouço a moral estreita, a antiga prudência (a dos hábeis e não dos sábios, porque a loucura é para a verdadeira sabedoria o que o sal é para o mar --- como já Platão dizia) murmurar-me aos ouvidos: que farás tu, homem apanhado no visco dos prazeres efêmeros e rebelde à renúncia, quando soar a hora inevitável da prova? Que farei? --- sofrer em todo o meu ser. Não tendo sabido nem querido libertar-me, sentirei a libertação forçada: terei amanhã verdadeiros sofrimentos, como hoje tenho verdadeiras alegrias. Mas vós, cuja virtude não ousa tocar os frutos da terra, e não conheceis o agridoce sabor e o antegosto de morte e eternidade que deixam na alma, de que sereis privados quando a tempestade tiver devastado o pomar?

A vossa libertação dos bens presentes não será uma segurança contra os males futuros? O mesmo vento vos arrastará, uns e outros, mas eu, cujas raízes mergulharam na terra maternal e enganosa, sofrerei mais do que vós, que antecipadamente vos transformastes em folhas mortas. E encontrareis sempre um refúgio, um penhor, na estéril altivez da vossa virtude, que se basta a si própria, enquanto eu, separado de tudo o que amo, terei perdido todas os incentivos de viver, e o orgulho, a fidelidade a mim mesmo, não me servirão de nenhum auxílio. Então, só as mãos de Deus poderão curar a minha ferida, só o amor infinito poderá corresponder ao meu desespero.

Fonte:"O olhar que se esquiva à luz" - Livraria Figueirinhas - Porto, 1957

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Reflexão - do capítulo "Lei para o alto e lei para baixo"

Parábola das aves do céu e dos lírios dos campos.
--- Certamente, a vida é mais alguma coisa do que o alimento, mas ela não pode subsistir sem nos alimentarmos e vestirmos. As aves do céu, "que não têm abrigo nem celeiro, e os lírios do campo, que não fiam nem tecem", sucumbem quando o rigor do Inverno suspende os benefícios da Providência. "Vosso Pai sabe aquilo de que necessitais". Mas apraz a Deus desviar o curso natural das coisas para satisfazer as necessidades dos seus eleitos? O mesmo sol e a mesma chuva não incidem igualmente sobre os justo e os pecadores? Estas objeções aumentam de peso, se pensarmos que os mesmos lábio divinos, que exprimem aqui a fé nas solicitudes temporais da Providência (os cabelos da vossa cabeça são contados... tudo o mais vos será dado por acréscimo...) deixarão cair mais tarde este grito desesperado: "Meu Pai, por que me abandonaste?" É mister pensar também que, se este "acréscimo" temporal prometido por Cristo fosse a recompensa automática do abandono à Providência, tal abandono perderia todo o seu valor sobrenatural e não seria mais que subterfúgio desta providência terrestre que Cristo condenou.

As palavras de Cristo significam apenas isso: não tenhais apego aos bens deste mundo e, se assim procederdes, tereis tanta probabilidade de os alcançardes como se fizésseis toda a diligência em adquiri-los, pois que o nosso destino, mesmo temporal, não depende exclusivamente dos nossos esforços ou nossa previdência, e o excesso de solicitude leva-nos muitas vezes ao revés como o excesso de negligência.

Por conseguinte, se deveis morrer, como as aves do céu e os lírios dos campos, nos dias de Inverno, que importa este acidente, visto que por vossa confiança tereis amontoado um tesouro inesgotável no céu? Esta última palavra é a chave da parábola. Por maiores que sejam os tesouros acumulados pela prudência carnal, todos eles se esgotam e frequentes vezes a nossa própria vida acaba antes. Um pouco mais cedo, um pouco mais tarde, que importa? De que valem dias finitos e bens caducos? O Evangelho ensina-nos a arte de viver acima do tempo (e esta vida não depende do sustento e do vestuário) e não a arte de nos prolongarmos no tempo.

Fonte: "O olhar que se esquiva à luz - Livraria Figueirinhas - Porto, 1957

sábado, 30 de março de 2013

La idolatría del placer


LA IDOLATRÍA DEL PLACER, UN CALLEJÓN SIN SALIDA

Un lector me reprocha que insista demasiado en las nociones de deber, de esfuerzo, de disciplina, y que no preste suficiente atención al placer. Para mí, afirma, la existencia más deseable es la que comporta el máximo de placeres y el mínimo de penas. Le he respondido que yo era de la misma opinión, aunque había que aclarar el tema con algunas precisiones.

EL PLACER ES MEDIO, NO FIN

En primer lugar, ¿qué es el placer? Sin entrar en la distinción entre placer, alegría, dicha, etc., atengámonos a la excelente definición de un diccionario: “estado afectivo agradable, unido a la satisfacción de un deseo o de una tendencia, al ejercicio armonioso de una actividad ”. Hay, pues, tantos placeres como deseos, tendencias y actividades: placeres de los sentidos, placeres del alma, placeres del espíritu. Y una jerarquía en esta diversidad. ¿Quién negará que el placer de contemplar un bello paisaje o de ejercer una actividad creadora es cualitativamente superior al placer de comer? Pero, dados los límites del ser humano, esta jerarquía de valores implica necesariamente disyuntivas y exclusiones. Entre dos placeres que se ofrecen a la vez (por ejemplo, asistir a un espectáculo divertido, pero insustancial, o pasar la velada con un amigo muy querido), es preferible elegir el más profundo y enriquecedor. Pero hay que ir más lejos. El placer es la resonancia subjetiva de la acción, pero no es su principio, ni su fin, y nunca debe ser la única guía de la conducta. El hombre ha nacido para realizar su naturaleza y no para disfrutar a toda costa y en cualquier circunstancia. El fin de la nutrición es la conservación de la vida y no el placer de comer (se come para vivir, no se vive para comer); el fin del amor sexual no es la voluptuosidad ligada a la unión carnal, sino, de una parte la procreación y, de otra, la fusión entre dos destinos, unidos “para las alegrías y para las penas”. El fin de la actividad intelectual no es el placer de conocer, sino el desarrollo del espíritu por la posesión de la verdad. El placer viene dado gratuitamente, por añadidura. Hay que acogerlo como un don y no exigirlo como una deuda.

EL HEDONISMO DESVIRTÚA EL PLACER

Lo que reprocho al hedonismo no es que prefiera el placer al sufrimiento, sino que lo aísle, que lo desvirtúe y que, al separarlo de su fin y de su contexto —el esfuerzo, la lucha, la entrega, el deber moral y social—, produzca resultados diametralmente opuestos al fin buscado. Lo que resumo en dos puntos.

1. La idolatría del placer conduce casi siempre a sus víctimas a sacrificar los placeres más nobles a los más mediocres, si no a los más bajos. El lenguaje corriente no se equivoca: cuando se habla de un hombre “entregado al placer”, a nadie se le ocurre pensar que este hombre se dedica a los goces del alma o del espíritu. ¿Por qué? Porque los placeres inferiores se ofrecen de inmediato y sin esfuerzo, mientras que los placeres superiores exigen una preparación, un aprendizaje, etapas de maduración y de espera, cosas que no proporcionan necesariamente placer. El niño al que se le lleva por primera vez a la escuela, raramente va de buena gana: será más tarde cuando descubrirá los goces de la cultura. Los placeres más elevados y más duraderos son placeres diferidos: el trabajo, la disciplina, la victoria sobre uno mismo, juegan ahí el mismo papel que las inversiones en economía: la adquisición y la puesta en marcha de los medios de producción preceden a la difusión de los bienes de consumo.

RUTINA INSÍPIDA

2. El esclavo del placer compromete también los placeres sensibles a los cuales sacrifica todos los otros. Pues quien desea con avidez goces continuos desconoce la ley de alternancias y contrastes que rige la intensidad y la cualidad de nuestras alegrías sensibles. El desagrado de tener hambre agudiza el placer de comer, el rigor del frío hacer apreciar un buen fuego, la fatiga del trabajo alimenta las delicias del descanso. Todo placer responde a la satisfacción de una necesidad, y si ésta no ha llegado a madurar, también su satisfacción se frustra. De ahí el efecto negativo de un confort total y permanente, en donde el bienestar es tan habitual que deja de ser percibido. Se pretende entonces huir del aburrimiento multiplicando y falsificando los placeres, pero el hastío reaparece, agravado e incurable, en el fondo del placer, que se ha convertido en rutina insípida y en vana tentativa de evasión. El lúgubre testimonio de tantas vidas vacías y blandas es más elocuente que las palabras. Esta es la contradicción interna en la que desemboca la religión del placer. Al buscar éste sin tener en cuenta sus condiciones y sus causas, el placer se marchita antes de tiempo como una flor privada de sus raíces, de forma que el hombre, mutilado en su esencia y en su fin, acaba por frustrar su vida.

Fonte: "Aceprensa" 9 de Abril de 1975. [Texto extraído do site: "Una Mujer, Una Voz" : http://unamujerunavoz.org/idolatria-del-placer/]

Réflexion

Conversation avec J. et Mère M.D. à propôs de l'abandon du costume religieux. --- "L'habit ne fait pas le moine", je le sais. Mais qu'est-ce qui fait le moine? La vocation spirituelle dont l'habit est le signe extérieur. Alors, pourquoi séparer le signe su signifié? Um soldat sans uniforme sera-t-il plus discipline et plus courageux? Ne pas oublier que l'habit, les disciplines, les rites sont des apparences sensibles dont la fonction est de nous rappeler la réalité invisible de la vocation. Une vocation où se mêlent la plupart du temps des éléments psychologiques aussi superficiels et beaucoup plus inconsistants que les signes extérieurs. Il y a, dans la volonté de se défaire de ces derniers, la conviction que le psychologique suffit à étayer le spirituel. Plus encore: on confond le spirituel et le psychologique. Alors qu'il y a plus de réalité, de densité, de continuité --- et, em fin de compte, plus d'ame --- dans l'habit du moine que dans le états d'âme du moine! L'habit protege le moine contre lui-même --- contre ses humeurs, ses passions et ses illusions. Comme le spirituel --- avec cette différence que son influence s'exerce du dehors au dedans --- il rappelle l'homme à l'universel. Il rend, à as manière, témoignage à l'Esprit. C'est un miroir. Que le témoignage puisse tourner à l'alibi et le miroir se changer en masque, c'est bien certain. Mais le psychologique ne fabrique-t-il pas sans cesse des álibis plus substantiels et des masques plus trompeurs?
(C. XL. --- 26.10.68)

Fonte: "Parodies et mirages ou La décadence d'um monde Chrétien" - Éditions du Rocher, 2011

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Convidada: Simone Weil


En 1938 pasé días en Solesmes, del domingo de Ramos al martes de Pascua, siguiendo los oficios. Tenía intensos dolores de cabeza y cada sonido me dañaba como si fuera un golpe; un esfuerzo extremo de atencíon me permitía salir de esta carne miserable, dejarla sufrir sola, abandonada en su rincón, y encontrar una alegría pura y perfecta en la insólita belleza del canto y las palabras. Esta experiencia me permitío comprender mejor, por anología, la posibilidad de amar el amor divino a través de la desdicha. Evidentemente, en el transcurso de estos oficios, el pensamiento de la pasión de Cristo entró en mí de una vez y para siempre.

Se encontraba allí un joven católico inglés que me transmitío por vez primeira la idea de la virtud sobrenatural de los sacramentos, mediante el resplandor verdaderamente angélico de que parecía revestido después de haber comulgado. El azar --- pues siempre he preferido decir azar y no providencia --- hizo que aquel joven resultara para mí un verdadero mensajero. Me dio a conocer la existencia de los llamados poetas metafísicos de la Inglaterra del siglo XVII y, más tarde, leyéndolos, descubrí el poema del que ya le leí una traducción, por desgracia muy insuficiente, y que lleva por título amor. Lo he aprendido de memoria y a menudo, en el momento culminante de las violentas crisis de dolor de cabeza, me he dedicado a recitarlo poniendo en él toda mi atencíon y abriendo mi alma a la ternura que encierra. Creía repetirlo solamente como se repite un hermoso poema, pero, sin que yo lo supiera, esa recitación tenía la virtud de una oración. Fue en el curso de una de esas recitaciones, como ya le he narrado, cuando Cristo mismo descendió y me tomó.

He aquí el poema en una traducción que me han hecho:

El amor me acogió, más mi alma se apartaba,
culpable de polvo y de pecado.
Pero el Amor que todo lo ve, observando
mi entrada vacilante
se acercó hasta mí, diciéndome con dulzura:
¿Yo, el malvado, el ingrato? ¡Ah, mi amado!
yo no puedo mirarte.
El Amor tomó mi mano y replicó sonriente:
¿quién ha hecho esos ojos sino yo?
Es cierto, señor, pero yo los ensucié; que mi vergüenza
vaya donde se merece.
¿Y no sabes, dijo el Amor, quién ha tomado sobre si la culpa?
¡Mi amado! Entonces, podré quedarme
Siéntate, dijo el Amor, y degusta mis manjares.
Así que me senté y comí.

Fonte: "A la espera de Dios" (1942)

O autor do poema "Love" é George Herbert (1593-1633).
Poema original:
Love bade me welcome; yet my soul drew back,
Guiltie of dust and sin.
But quick-ey'd Love, observing me grow slack
From my first entrance in,
Drew nearer to me, sweetly questioning
If I lack'd anything.
A guest, I answer'd, worthy to be here.
Love said, You shall be he.
I, the unkinde, ungrateful? Ah, my deare,
I cannot look on thee.
Love took my hand and smiling did reply:
Who made the eyes but I?
Truth, Lord; but I have marr'd them; let my shame
Go where it doth deserve.
And know you not, says Love; who bore the blame?
My deare, then I will serve.
You must sit down, says Love, and taste my meat.
So I did sit and eat.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

"L'amour et l'occident"

Ce livre1 peut choquer --- j'avoue personnellement qu'il froisse mon sens catholique de l'unité et de l'harmonie --- mais il est impossible qu'il ne touche pas. Une pensée ardente et créatrice s'y déploie; les idées sont neuves, la langue est neuve; l'erudition (qui ne laisse pas d'être considérable) est si bien amalgamée à la vivante originalité des thèses qu'elle perd toute pesanteur; tout cela se lit avec intéret et se relit avec passion. Que M. de Rougemont voie toujours juste, je ne me chargerai pas de l'établir: ce qui est certain, c'est qu'il voit toujours loin et profond, et il advient souvent que l'esprit, entraîné par sa dialectique, a besoin de se raidir contre cette séduction qui émane de toute profondeur, même si cette profondeur est erronée.

M. de Rougemont s'attache à creuser la notion occidentale de l'amour des sexes, de cet amour "idéal" hanté d'absolu et éternellement insatisfait. Il en trouve l'essence dans le mythe médiéval de Tristan et d'Iseult, dont il donne une interprétation aussi nouvelle qu'étincelante. Selon lui, cette forme courtoise et chevaleresque de la passion, née au moyen âge, cet amour qui liait le chevalier à sa dame, procède historiquement de l'hérésie manichéenne des Albigeois: il est d'origine essentiellement religieuse; loin d'être, comme on le croit communément, une sublimation de l'amour sensible, il représente une dégradation de l'amour spirituel, une déviation de l'élan mystique. La sexualité ne joue ici qu'un rôle extérieur et matériel, elle est un prétexte, un vêtement; l'âme de cet amour, c'est le retrait de l'inspiration religieuse sur elle-même, l'isolement narcissique du désir et, par conséquent, que les amants le sachent ou qu'ils l'ignorent, la négation de tout amour et de toute vie authentiques (la sexualité y comprise!) et ce culte secret de la mort qui réside au fond de toute mystique invertie. D'où ce caractère tragique de la passion, les obstacles qu'elle rencontre, la "pureté" inhumainde qu'elle exige et le trépas qui la couronne. "Une seule réponse est ici digne du mythe; Tristan et Iseult ne s'aiment pas, ils l'ont dit et tout le confirme... Tristan aime à se sentir aimé bien plus qu'il n'aime Iseult la blonde. Et Iseult ne fait rien pour retenir Tristan près d'elle, il lui suffit de son rêve passionné. Ils ont besoin l'un de l'autre pour brûler, mais non de l'autre tel qu'il est; et non de la présence de l'autre, mais bien plutôt de son absence! La séparation des amants résulte ainsi de leur passion même... D'où les obstacles multipliés par le roman; d'où l'indifférence étonnante de ces complices d'un même rêve au sein duquel chacun reste seul; d'où le crescendo romanesque et la mortelle apothéose... L'amour de l'amour dissimule une passion beaucoup plus terrible, une volonté profondément inavouable: sans le savoir, les amants, malgré eux, n'ont jamais désiré que la mort!" Condamnés, comme tous les idolâtres, à boire leur propre soif, Tristan et Iseult se heurtent à l'impossible et font de l'amour une route de soufrances qui débouche sur la mort. Mais ce qui les torture ainsi, ce n'est pas l'autre, ce n'est pas l'amour de l'autre, c'est leur moi aimant qui, replié sur lui-même, tente vainement de boucler la boucle divine.

Parti du moyen âge, l'auteur étudie, avec cette espèce de pénétration magnétique qui est l'âme de son talent, les multiples dégradations du mythe de Tristan et d'Iseult dans la littérature et les moeurs. Qu'il s'agisse de Don Juan (cette antithèse manichéenne de Tristan), de Werther, de René ou d'Adolphe, ou de ces Tristan diminués qui courent d'une Iseult à l'autre et dont "l'amour", fruit d'une double impuissance, n'est qu'un mélange de rêverie sentimentale et de boue charnelle, tous ces hommes communient, sous des espèces diverses, au même irréalisme et à la même folie; on constate chez tous la même opposition entre ce qu'ils appellent l'amour et les nécessités biologiques et morales de la nature humaine: l'amour pour eux est ce qui tue, ce qui brûle à grand feu les grandes âmes, à petit feu, voire à feu doux, les petites. Et le mariage, dans la mesure où il tient compte des nécessités de la vie animale et sociale, devient logiquement le tombeau de l'amour.

M. de Rougemont conclut par une analyse constructive. Face au problème de l'antinomie entre l'amour et le mariage, quelle est la voie de salut? Dans la réforme de l'amour. Il faut que la passion romanesque (qui n'est qu'une forme déguisée de l'adoration de soi) s'efface devant l'affection pour l'autre et la fidélité créatrice envers une personne étrangère aimée telle qu'elle est et choisie librement, arbitrairement entre toutes, au-dessus de toutes les promesses et de toutes les menaces du destin. "Choisir une femme pour en faire son épouse, ce n'est pas dire à Mlle Untel: "Vous êtes l'idéal de mes rêves, vous comblez et au-delà tous mes désirs, vous êtes l'Iseult toute belle et désirable dont je veux être le Tristan". Car ce sera là mentir et l'on ne peut rien fonder qui dure sur le mensonge... Choisir une femme pour en faire son épouse, c'est dire à Mlle Untel: "Je veux vivre avec vous telle que vous êtes... et voilà la seule preuve que je vous aime" ". Ce choix s'opère, suivant le mot de Kierkegaard, "par la vertu de l'absurde": c'est un saut définitif dans l'inconnu, une sorte de geste créateur qui se déploie sna connaître ses vrais causes, son vrai sens et sa vraie fin. "La fidélité est sans raisons---ou elle n'est pas--- comme tout ce qui porte une chance de grandeur"...

1. Denis de Rougemont, L'Amour et l'Occident, Plon, collection "Présences".

* * *

On pourrait quereller longuement M. de Rougemont sur ce qu'il dit, et sur ce qu'il ne dit pas: une pensée aussi riche que la sienne est grosse de discussions infinies. Je me bornerai à effleurer deux points: le mythe de "l'amour courtois" et le fondement de la fidélité conjugale.

Le problème de l'amour idéalisé me paraît beaucoup plus complexe dans ses données et sa solution que la thèse de M. de Rougemont ne la laisse pressentir. J'ai peine à croire que cet amour soit formellement une hérésie religieuse; j'y vois plutôt une tentative, infiniment fragile et menacée, de divinisation de l'amour humain. dans tous les domaines, le romantisme est un pas qu'il faut franchir pour parvenir à la pleine possession de la réalité spirituelle: l'illusion est au seil de toutes les grandes choses. ---Narcissisme? Soit. mais quel amour ici-bas, y compris l'amour divin--- les mystiques le disent assez" --- ne commence pas au narcissisme? Inadaptation au réel et culte de la mort? Il est clair --- et c'est en ceci que la position de M. de Rougemont est forte --- que cet élan dirigé vers la rálité éternelle e la personne, mais en même temps si imparfait, si offusqué par les vapeurs de la chair et du moi, verse fatalement, s'il manque son but, dans le culte de la mort --- ou de la boue. Il n'y a pas de fausses grandeurs, il n'y a que des grandeurs avortées. Le rêve est dépassé dans la Divine Comédie (cette Béatrice irréelle dont les yeux ne renvoyaient d'abord au poète que sa propre image, devient le miroir humain en qui la divinité se reflète); il ne l'est pas dans le Roman de Tristan et d'Iseult. L'hérésie que dénonce l'auteur n'est pas dans l'amour romanesque en soi; elle est dans l'amour romanesque qui refuse de mûrir.

Une atmosphère de grandeur inhumaine entoure, chez M. de Rougemont, le drame (car c'en est un) de la fidélité des époux. Déçu par l'absurdité de la passion, l'auteur se retourne tout d'une pièce vers l'absurdité du vouloir: le seul fondement le l'amour réside pour lui dans une crispation héroïque de la volonté créatrice. Je vois là un "personnalisme" qui me semble empiéter un peu sur les droits de la personne divine: le monde --- y compris l'amour des sexes --- me semble beaucoup plus créé, beaucoup plus achevé que l'accent général du livre nous le ferait croire! J'y vois aussi un irrationalisme périlleux. M. de Rougemont reste captif de l'affectivisme absolu du romantisme: il se borne à revêtir cet affectivisme d'austérité et de grandeur. Mais je ne crois pas à la vertu de l'absurde, même quand l'absurde se marie à l'héroïsme! Ce cri: "Je t'aimerai toujours!" ne peut avoir pour caution dernière que la conscience d'un amour appréhendé en nous comme éternel, comme inhérent à l'essence même de notre âme; il n'engage l'avenir que dans la mesure où il dépasse le temps: je sais que je t'aimerai toujours comme je sais que je serai toujours moi-même. La fidélité des amants s'appuie sur cette perception intérieure d'un sentiment éternel en qui l'éternelle volonté de Dieu se traduit plutôt que sur un décret arbitrairemente éternel de notre propre volonté. Elle se réfère à cette évidence: Dieu nous a créés tels que nous devons nous aimer toujours, et non à cette résolution: notre volonté créera notre amour! M. de Rougemont pousse sa réaction contre le romantisme jusqu'à... un nouveau romantisme! Au subjectivisme de l'imagination qu'il dénonce avec tant d'éclat, il substitue un subjectivisme de la volonté. L'époux qui est fidèle "sans raisons" n'est fidèle qu'à lui-même, et cela --- je fais appel à tous ceux qui aiment --- cela n'est pas de l'amour! L'amour vrai, sentiment d'une communios immortelle, présence vécue le l'autre en nous, englobe et dépasse l'amour-passion et l'amour-volonté: il a besoin, certes, de l'un et de l'autre (une partie de son charme et de son élan sort de la passion et la volonté le protège contre la fragilité de l'eternel m^lé au temps), mais l'un et l'autre, dès qu'on veut en faire le tout de l'amour, se ramènent à deux formes opposées de l'amour de soi.

L'auteur dénonce comme étranger à l'amour l'amo amare des amants courtois; son volo amare, pour être plus près de la grandeur, n'en reste pas moins loin de l'amour: le cercle du moi n'est pas franchi. On conçoit très bien, aux antipodes du Tristan romantique, le suicide actif d'un Tristan "personnaliste" rivé, en vertu de son élection arbitraire et de sa foi en l'absurde, auprès d'une Iseult aussi fermée et aussi lointaine que la reine aux cheveux d'or du mythe médiéval. Qui pourrait nier --- et M. de Rougemont a montré cela avec une inégalable grandeur --- que l'élan aride de la volonté et la confiance en l'absurde (en un absurde apparent derrière lequel se dissimule une raison supérieure) ne soit nécessaire, aux heures de crise, pour assurer la fidélité et purifier l'amour? Mais ce rôle du vouloir ne peut être que secondaire et accidental; il tient à la misérable condition de l'homme et non à la nature de l'amour. La fidélité, dans son essence, ne repose pas sur un acte gratuit de la volonté, mais sur la conscience et l'attrait de l'éternel.

Temps présent (21 juillet 1939)


Fonte: "Gustave Thibon" - Les Dossiers H - Ed. L'Age d'Homme - 2012